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 Simpósios Temáticos 

 ST01 Arqueologia, Etnografia e Coletivos Humanos na Amazônia
 

 ST02 Narrativas Arqueológicas da Amazônia: eeflexões sobre a cultura material, paisagens            e pesquisa na contemporaneidade

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 ST03 Encontro de Saberes e Sabores: diálogos entre Arqueologia, Culinária e Gastronomia

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 ST04 A Implicação de uma longa tradição a partir da Pocó-Açutuba

 

 ST05 Do Passado ao Presente: simbolismo nas iconografias amazônicas

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 ST06 Um olhar sobre a Amazônia Oriental

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 ST07Arqueologia e História Indígena no Alto Rio Madeira (RO)

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 ST08 Fora do Eixo Central: a pesquisa afastada dos principais rios amazônicos

RESUMOS

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 Simpósio Temático 01 

ARQUEOLOGIA, ETNOGRAFIA E COLETIVOS HUMANOS NA AMAZÔNIA

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Proponentes: Meliam Viganó Gaspar - MAE/USP, Igor M. Mariano Rodrigues - MAE/USP, Mariana Petry Cabral - UFMG, Márcia Bezerra - UFPA

Debatedores: Mariana Petry Cabral - UFMG e Jaime Xamen Wai Wai - Graduado em Arqueologia pela UFOPA

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O presente simpósio é o resultado da fusão de duas propostas de simpósios, ocorrida por orientação da Comissão Organizadora. Com isso, buscamos alinhar a convergência sobre interesses que articulam Arqueologia, Etnografia e Práticas Colaborativas, com ênfase nos contextos da Amazônia. O objetivo central é reunirmos pessoas envolvidas com pesquisas que articulem estas perspectivas, incitando ao debate sobre a relevância da arqueologia para outros coletivos e o lugar destas outras pessoas na construção da arqueologia.

Por um lado, estimulamos a apresentação de trabalhos que tratem do estatuto das relações entre arqueólogxs e outros coletivos humanos na elaboração de diferentes modos de conduzir projetos, considerando o nosso lugar no âmbito dessas relações, as diversas possibilidades de engajamento desses grupos em nossas pesquisas e a criação de novas práticas (in)disciplinares.

Por outro, também procuramos discutir releituras de trabalhos etnográficos e fontes históricas, estudos de coleções museológicas, debates sobre repatriação de objetos, entre outras abordagens que conectam pesquisadores e povos tradicionais.

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Simpósio Temático 02

NARRATIVAS ARQUEOLÓGICAS DA AMAZÔNIA: REFLEXÕES SOBRE A CULTURA MATERIAL, PAISAGENS E A PESQUISA NA CONTEMPORANEIDADE

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Proponentes: Eliane Miranda Costa (UFPA), Diogo Menezes Costa (UFPA), Rafael de Almeida Lopes (MAE/USP), Thiago Kater Pinto (MAE/USP)

Debatedoras: Anna Browne Ribeiro - University of Louisville/USA e Márjorie Lima - Museu de Arqueologia e Etnologia/USP

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A arqueologia na Amazônia tem uma longa história e tradição. No transcurso desse processo muitas descobertas foram feitas, as quais permitiram a arqueologia contribuir de modo significativo com o desenvolvimento científico da região. Isso significa dizer que o estudo de sítios arqueológicos (pré-coloniais e coloniais), diferentes artefatos, paisagens, memórias e histórias têm possibilitado a arqueologia Amazônida ampliar o debate sobre o modo de vida e a ocupação humana nos mais variados espaços que formam esse território. Durante várias décadas, diferentes perspectivas desenvolveram-se em torno de relações (material e simbólica) entre as pessoas e o seu meio ambiente. Nessa dinâmica o espaço não se configura apenas como uma construção física, mas inclui o social e o político. O espaço pode ser percebido assim como paisagens e construções arqueológicas que atendem a diferentes lógicas e temporalidades. Além das paisagens a relação entre o ser humano e o ambiente foi mediada e forjada pela materialidade, a qual abrange variadas coisas e assume papel ativo na sociedade. Este simpósio tem como principal foco reunir pesquisadores interessados em estabelecer um diálogo sobre os processos históricos, a cultura material, paisagens e a pesquisa arqueológica na Amazônia. O principal objetivo é refletir sobre os distintos saberes e práticas sociais envolvidas na produção da cultura material e da construção do registro arqueológico. A perspectiva também consiste em avançar na discussão referentes a diferentes materialidades e temporalidades, atentando para questionar a história, a memória, o presente etnográfico e “as coisas em ação”. Espera-se com isso levantar novas e abrangentes percepções sobre as coisas arqueológicas para a compreensão e a análise da cultura material. Interessa-se ainda questionar os limites temporais da arqueologia histórica e analisar os marcos teórico-metodológico na construção dos processos culturais, o que inclui questionar o colonialismo e, por conseguinte, as mudanças culturais, econômicas e políticas refletidos no registro arqueológico da cultura material. O simpósio tem interesse ainda em reflexões de ordem ética, social e política da pesquisa, considerando o lugar do pesquisador frente às práticas públicas. Somam-se aqui ponderações humanistas sobre como lidar com os interesses e necessidades acerca do passado pelos pesquisados. Isso inclui o papel da arqueologia como possível mediadora de conflitos, visto nossas práticas científicas atuarem e impactarem o mundo presente.

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Simpósio Temático 03

ENCONTRO DE SABERES E SABORES:

DIÁLOGOS ENTRE ARQUEOLOGIA, CULINÁRIA E GASTRONOMIA

 

Proponentes: Laura Furquim - MAE/USP, Myrtle Shock - UFOPA e Roberto Smeraldi (Instituto ATA e Coluna Prato Cabeça, em O Estado de SP)

Debatedor: Eduardo Góes Neves - MAE/USP

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Do passado ao presente, a Amazônia possui um riquíssimo arsenal culinário composto por plantas e animais, que são preparados através de biotecnologias e receitas diversas. Na última década a pesquisa direta com vestígios arqueológicos relacionados à alimentação – seja com arqueobotânica, zooarqueologia e estudos de artefatos líticos e cerâmicos – vêm aumentando consideravelmente, nos possibilitando conhecer não somente a produção de alimentos, como também os gostos e escolhas relacionadas ao consumo. Há espécies que possuem um uso que remonta ao início da ocupação humana da Amazônia e que são utilizadas até o presente, demonstrando uma resiliência de determinados ingredientes, como é o caso da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa) e de palmeiras como o tucumã (Astrocaryum sp.).

Apesar do reconhecimento dos “ingredientes” e de algumas técnicas de processamento, nosso conhecimento sobre os usos destas espécies é limitado, e se baseia majoritariamente em comparações etnográficas. Neste cenário, a proposta deste ST é reunir arqueólogos/as, conhecedoras/es da culinária tradicional amazônica e chefes de cozinha para experimentar um encontro através dos tempos, entre pessoas, plantas, animais, tecnologias, temperos, modos de consumo e tudo o que envolve o mundo culinário. Se a biodiversidade contemporânea pode ser vista como um presente do passado, o que aqui fomentamos é partir do conhecimento produzido no presente para promover um experimento-experiência sobre a alimentação. Do presente ao passado.

Por conta do caráter da proposta, serão aceitos dois resumos da comunidade arqueológica para a participação na mesa. Sugerimos que os trabalhos inscritos sejam trabalhos coletivos, e que possam ser enviados às conhecedoras e conhecedores da culinária previamente, para que haja tempo de elaboração por parte das/os mesmos/as.

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 Simpósio Temático 04 

A IMPLICAÇÃO DE UMA LONGA TRADIÇÃO A PARTIR DA POCÓ-AÇUTUBA

 

Proponente: Márjorie do Nascimento Lima - Universidade de São Paulo e Instituto Mamirauá

Debatedor: Márcio Amaral - Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

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Evidências do que aconteceu ao longo da calha do Amazonas por volta do primeiro milênio antes de Cristo tornam-se aos poucos mais recorrentes nos contextos arqueológicos amazônicos. Parte dos fenômenos mais expressivos desse período reúnem aspectos da Tradição Pocó-Açutuba, uma tradição arqueológica de escala continental que é vista em sítios ao longo de toda bacia do rio Amazonas.

Cerâmicas Pocó-Açutuba têm um amplo repertório estilístico, mas são marcadas por uma forte identidade visual. Essas permanências estilísticas são vistas ao longo de um largo período, que se inicia por volta do primeiro milênio a.C. e, se consideradas as datas mais recentes, ocorrem de forma não contínua até o século IX D.C. Além disso, muito desse amplo repertório tem variações em tradições arqueológicas mais recentes que a Tradição Pocó-Açutuba, como a Tradição Policroma da Amazônia ou a Tradição Incisa-Ponteada.

Os contextos em que ocorrem cerâmicas Pocó parecem estar associados com o início de processos mais duradouros de ocupação, parecendo indicar uma lenta ocupação mais permanente de alguns lugares específicos. Algo que parece corresponder ao início do sedentarismo em diferentes espaços ao longo da Amazônia.

Este simpósio tem o intuito de reunir novos dados e refletir sobre o significado dessa Tradição para a longa história de ocupação da Amazônia. São bem vindas contribuições que tratem das cerâmicas Pocó-Açutuba, de modos estilísticos que não estão diretamente associados à cerâmica Pocó, mas que têm semelhança com estas cerâmicas e também trabalhos que tratem das mudanças nas características dos sítios associadas ao primeiro milênio antes de Cristo.

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 Simpósio Temático 05 

DO PASSADO AO PRESENTE: SIMBOLISMO NAS ICONOGRAFIAS AMAZÔNICAS.

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Proponentes: Erêndira Oliveira (MAE/USP) e Emerson Nobre (MAE/USP)

Debatedora: Cristiana Barreto - MAE/USP

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Os recentes estudos que se debruçam sobre as expressões estéticas do passado indígena amazônico têm trazido contribuições importantes para a Arqueologia, propondo novas reflexões sobre as concepções ontológicas das sociedades pretéritas e, consequentemente, como certos princípios cosmológicos podem estar materializados nos artefatos. A partir da interlocução com os estudos etnológicos ameríndios, conceitos como os de agência dos objetos, corporalidade, xamanismo e pessoa, têm configurado um fértil campo de pesquisa sobre os regimes de materialidade e de figuração destas sociedades, construindo pontes analíticas entre o passado e o presente e propondo novos olhares sobre os modelos interpretativos do contexto arqueológico amazônico.

Desta forma, de modo a dialogar com as perspectivas acima mencionadas,propomos com este simpósio, agregar diferentes estudos, que lidem com os mais distintos suportes como cerâmicas, líticos, pintura rupestre, etc., e que discutam e reflitam sobre os possíveis sentidos imbuídos nas expressões estéticas do passado amazônico, considerando também a circulação destas em contextos do presente onde as suas propriedades agentivas são (res)significadas.

Com isto em vista, o presente simpósio agregará trabalhos que discutam outras dimensões da cultura material, para além de sua tecnologia, com foco em seus aspectos iconográficos e/ou simbólicos, compreendendo os objetos enquanto corpos e agentes sociais.

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 Simpósio Temático 06 

UM OLHAR SOBRE A AMAZÔNIA ORIENTAL

 

Proponentes: Lúcio Flávio Siqueira Costa Leite - NuPArq/IEPA e João Darcy de Moura Saldanha - NuPArq/IEPA

Debatedora: Mariana Petry Cabral - UFMG

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Desde o levantamento sistemático da Foz do Amazonas por Meggers e Evans (1957), a Amazônia Oriental possui um reconhecido potencial para reconstrução histórico-cultural da ocupação humana na Amazônia, apresentando a mais longa sequência cerâmica da Amazônia, com os primeiros complexos cerâmicos relacionados às cerâmicas Mina e Alaka, datadas de cerca de 6000 anos A.P., e as cerâmicas Aristé, Maracá, Marajoara, Mazagão e Aruã, apresentando evidências de contato com os exploradores europeus (Prous 1992, Neves 2006). No entanto, por muitos anos, a região encontrou-se à margem das principais discussões sobre a ocupação humana na Amazônia devido lacunas de pesquisas arqueológicas, cuja base ainda estava assentada no que foi produzido na década de 50 do século passado. No entanto, desde a criação de instituições locais de pesquisa arqueológica essa imagem está sendo alterada.

Graças ao aumento de trabalhos, tanto de arqueologia acadêmica quanto preventiva, o banco de dados arqueológicos disponível na área tem crescido. Até agora, o conhecimento sobre o Holoceno Médio foi expandido, com o aumento da descoberta de sítios arqueológicos não sambaquieiros relacionados com o período denominado arcaico, datado entre 6000 e 3000 A.P. Uma ocupação mais densa da região, com complexos cerâmicos relacionados ao formativo inicial, foi identificada a partir do início da era cristã (Rostain 2009), e pode talvez ser relacionada às cerâmicas Saladóide-barrancóide. No entanto, é a partir do entorno do século V D.C. que parece haver uma proliferação de culturas arqueológicas ceramistas. Além disto, uma verdadeira explosão de estruturas de construção de terra ou pedra estão relacionadas a esse período. Alguns destes contextos impressionam por sua monumentalidade, como os mounds, os megalitos, as cavernas funerárias e as áreas circundadas por fossos.

Somado a esse panorama, essa região ainda apresenta diversas formas de fruição das populações locais com esses materiais e contextos arqueológicos, situação singularizada nos impactos causados pelas pesquisas, bem como nas interpretações sobre o que denominamos de patrimônio arqueológico.

Desta forma, o presente simpósio pretende reunir trabalhos sobre a ocupação da região leste da Amazônia, propondo discutir dados obtidos nos últimos anos, assim como a relação comunidade e patrimônio arqueológico.

Com isso, buscamos apresentar a Amazônia Oriental como uma das áreas-chave no entendimento histórico pré-colonial da região amazônica, cujas características geográficas e ambientais refletem a alta diversidade cultural e o caráter monumental das ocupações pré-históricas.

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 Simpósio Temático 07 

ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA INDÍGENA NO ALTO RIO MADEIRA/RONDÔNIA

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Proponentes: Silvana Zuse - UNIR e Angislaine Freitas Costa - Museu Nacional/UFRJ

Debatedor: Helena Pinto Lima - Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG)

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As pesquisas arqueológicas no alto rio Madeira foram retomadas há dez anos, buscando definir a cronologia e compreender os processos de ocupação na região. A análise das tecnologias cerâmicas definiram alguns padrões de variação formal nas vasilhas, ou padrões de escolhas culturais, associados a distintos conjuntos tecnológicos ou tradições tecnológicas, relacionadas a um complexo processo de ocupação, com fronteiras culturais que se transformaram no tempo e no espaço. Dentro desse quadro, também foram feitas abordagens funcionais e iconográficas da cerâmica, com a identificação de áreas de atividades e de aspectos do universo simbólico. Um dos objetivos da arqueologia é compreender os significados da variabilidade identificada no estudo da cultura material. Nesse sentido, a utilização conjunta dos dados arqueológicos, históricos e etnográficos auxilia na compreensão e construção de histórias culturais. Esse simpósio busca reunir os estudos arqueológicos que abordam a cultura material e as fontes históricas e etnográficas no alto rio Madeira e promover reflexões sobre os caminhos da pesquisa na construção da história indígena na região.

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 Simpósio Temático 08 

FORA DO EIXO CENTRAL: A PESQUISA AFASTADA DOS PRINCIPAIS RIOS AMAZÔNICOS

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Proponentes: Myrtle Shock - UFOPA e Francini Medeiros da Silva

Debatedora: Dr. Gilton Mendes dos Santos - UFAM

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O foco das pesquisas arqueológicas esteve, durante muitos anos, centrado nos principais rios amazônicos, dentre os quais o Amazonas, Solimões, Negro, Madeira e Xingu, e em suas respectivas várzeas, servindo de porta de acesso ao conhecimento científico, social e cultural da Amazônia. Esse eixo é notório nos estudos que privilegiam a amostragem de áreas próximas aos rios, nas perspectivas que entendem os rios como essenciais à conectividade regional e locomoção e nas teorias econômicas e culturais já apresentadas. Nesse sentido, as pesquisas desenvolvidas nos principais rios foram importantes na configuração da identidade amazônica, repercutindo na ciência internacional, no imaginário da floresta tropical e sobretudo, nas políticas públicas. Este Simpósio tem por objetivo refletir sobre o que pode ser entendido por Amazônia – suas “culturas”, ecossistemas e, principalmente, diversidades – focalizando em resultados arqueológicos obtidos a partir das pesquisas desenvolvidas em regiões distantes, geograficamente ou ecologicamente, dos principais rios amazônicos. A valorização da contribuição à história das populações amazônicas que ocupavam esses espaços têm o intuito de avançar na construção de uma Amazônia verdadeiramente diversa.

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