Simpósio Temático 03
ENCONTRO DE SABERES E SABORES:
DIÁLOGOS ENTRE ARQUEOLOGIA,
CULINÁRIA E GASTRONOMIA
Proponentes: Laura Furquim - MAE/USP,
Myrtle Shock - UFOPA e
Roberto Smeraldi (Instituto ATA)
Debatedores: Eduardo Góes Neves (MAE/USP) e
Leonardo Viana Braga (IEPÉ)
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Participantes:
(conheça cada um abaixo)
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Tasi e Hun, do povo indígena Zo'e
(Terra Indígena Zo'e, PA)
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Dona Brazi Baré, autora de
"Culinária Tradicional Amazônica"
(São gabriel da Cachoeira, AM)
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Chef Roberto Smeraldi
(Instituto ATA)
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Chef Debora Shornik
(Restaurante Caxiri)
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Chef Hiroya Takano
(Restaurante Shin Suzuran)
Laura Furquim, Myrtle Shock e Jennifer Watling. Palimpsestos de Livros de Receita: o que o registro arqueológico nos diz sobre ingredientes?
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Natálya Pinheiro, Myrtle Shock e Cinthia Moreira. Rastros da domesticação de palmeiras? Análises morfométricas de frutos e sementes de espécies de Arecaceae
Resumo :
Do passado ao presente, a Amazônia possui um riquíssimo arsenal culinário composto por plantas e animais, que são preparados através de biotecnologias e receitas diversas. Na última década a pesquisa direta com vestígios arqueológicos relacionados à alimentação – seja com arqueobotânica, zooarqueologia e estudos de artefatos líticos e cerâmicos – vêm aumentando consideravelmente, nos possibilitando conhecer não somente a produção de alimentos, como também os gostos e escolhas relacionadas ao consumo. Há espécies que possuem um uso que remonta ao início da ocupação humana da Amazônia e que são utilizadas até o presente, demonstrando uma resiliência de determinados ingredientes, como é o caso da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa) e de palmeiras como o tucumã (Astrocaryum sp.).
Apesar do reconhecimento dos “ingredientes” e de algumas técnicas de processamento, nosso conhecimento sobre os usos destas espécies é limitado, e se baseia majoritariamente em comparações etnográficas. Neste cenário, a proposta deste ST é reunir arqueólogos/as, conhecedoras/es da culinária tradicional amazônica e chefes de cozinha para experimentar um encontro através dos tempos, entre pessoas, plantas, animais, tecnologias, temperos, modos de consumo e tudo o que envolve o mundo culinário. Se a biodiversidade contemporânea pode ser vista como um presente do passado, o que aqui fomentamos é partir do conhecimento produzido no presente para promover um experimento-experiência sobre a alimentação. Do presente ao passado.
Conheça os participantes:
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Tasi e Hun são moradores da Terra Indígena Zo'e, no Estado do Pará.
O povo Zo'e é falante da família linguística tupi-guarani, e habita o interflúvio Cuminapanema/Erepecuru. O termo "Zo'e significa "nós", etnônimo que passou a ser utilizado como uma forma de diferenciação com os kirahi (não índios).
Mosaico de TI's no Pará. Fonte: Instituto IEPE.
Donza Brazi Baré, ou Josefa Antônia Gonçalves, é filha de mãe Tukano e pai Baré, residente no município de São Gabriel da Cachoeira (AM) É autora do livro "Culinária Tradicional Amazônica" e famosa por suas muitas receitas típicas do Alto Rio Negro, como o vinagrete de formigas e peixes na folha de bananeira.
Roberto Smeraldi, jornalista, cozinheiro e autor, é vice-presidente do Instituto ATÁ, que co-fundou com o chef Alex Atala, e colunista de comida e sustentabilidade do jornal O Estado de S. Paulo (coluna Prato Cabeça) e coordena a criação de um Centro Global de Gastronomia e Biodiversidade em Belém (PA).
A chef Debora Shornik, paulista, coordena o Restaurante Caxiri em Manaus e São Paulo, onde desenvolve o que chama de "cozinha mestiça": uma "mistura, que não é regional de lugar nenhum, é genuína e de cada lugar onde estiver". Através de seu restaurante promove uma conexão entre Novo Airão, Manaus e São Paulo, na busca por uma cozinha tradicional de respeito à sazonalidade dos ingrediente.
O chef Hiroya Takano, é natural de Wakkanai (Japão), e filho de pai cozinheiro, que se mudou para Manaus com a família em 1960. Seu restaurante, Shin Suzuran, é uma mistura da culinária japonesa com um toque amazônico, e ma releitura da culinária tradicional com novas tecnoligas.